out of control

Acredito que não exista nada fora de controle que expor no meu blog as coisas que teoricamente eu só conseguiria falar em terapia, então bora explanar os assuntos que preciso resolver ou entrar em algum caminho esse ano ainda.

1) obrigado Kafka por sofrer para que eu pudesse me sentir incrível.
Acho que o ponto inicial do que quero falar é sobre como esse semestre está me fazendo bem, por encontrar um desajustado na minha pegada de desajuste. Como isso é um texto, vou começar pela coesão, porque sempre fui muito ruim nessa tal de coesão e isso acaba atrapalhando a minha coerência (que acredito que seria muito boa, não fossem minhas dificuldades em coesão) e Kafka é um cara que escreve na sua própria coesão, não é “incoeso”, mas passa muito longe do que entendemos pela “coesão tradicional” e isso me dá bastante esperança quanto a possibilidade de eu encontrar minha própria coesão, ao invés de buscar a adequação. Outra coisa é como grandes autores, revolucionários, costumam dedicar mais do que deveriam pra suas obras e, não que eu queira sacrificar tudo pelo que eu desejo criar, mas é gostoso saber que Joyce, por exemplo, destruiu a vida de todo mundo ao seu redor pra criar o maior romance do século XX. Dá uma sensação incrível de que, talvez eu não seja tão ruim ou inferior, se pá, eu apenas não estou disposto a sacrificar outras vidas pra chegar no topo, mas isso nos leva pro segundo ponto.

2) arrogância, prepotência e egoísmo
Minhas melhores fases foram arrogantes, prepotentes e egoístas; mas um monte de culpa e outro monte de “empatia tóxica” (onde me colocar no lugar dos outros significava abdicar de todos os meus pontos em prol de um ponto mais sofrido que o meu) me levaram a um caminho de extrema pequenez e não tô mais afim, porque isso me impede de ser o protagonista que almejo. Lembro de uma sessão, onde falei um milhão de coisas até chegar no lance do romance e não consegui lembrar o que me causou aquela insônia de pensamentos. No dia seguinte, lembrei e não trouxe de volta por sentir um pouco de vergonha, mas basicamente era um pensamento sobre a crítica da literatura, onde acredito que de Aristóteles ao século XX tem muita pouca coisa a se salvar e isso me fez acreditar na possibilidade de eu revolucionar a área (já passou), aquilo me empolgou demais e eu me senti muito melhor só daquilo ter passado na minha cabeça. O que desencadeou-se depois disso foi minha reflexão sobre o porquê eu tinha perdido a minha confiança e lembrei daqueles trem lá, e fui pensar nos números de letras das pessoas que já gostei e desviei meu próprio foco pro romance, talvez, inconscientemente por entender o romance como um ponto importante da minha falta de confiança, só que acho que não

3) Renuncia ao romance
Acho que é normal acreditar que minha confiança é tão quebradinha por não conseguir desenrolar umas peripécias românticas ou sexuais e não acho que seja uma interpretação equivocada, mas acho que essa quebra de confiança seja mais derivada do que recebo, do que do que produzo. Tipo, eu vejo o mundo girando em torno disso, todo mundo pensa nisso como força primordial e não conseguir algo tão elementar quebra tudo, só que né, isso é uma força que me é exercida de fora pra dentro, o que me é exercido de dentro pra fora se torna impossível de saber com essa barulheira inaudível do que vem de fora e acho que apenas renunciando vou saber reconhecer as forças de dentro pra fora. Mas a renúncia não significa que estou abandonando qualquer oportunidade de me envolver com alguém, não, apenas estou entregando a responsabilidade pro romance para que ele venha até mim, porque não tenho as moral de correr atrás dele.

4) Não-monogamia planetária.
Não-monogamique que não vai se relacionar com ninguém, que piada. Uma ótima piada, diga-se de passagem, porque acredito que isso seja algo muito forte querendo chocar dentro de mim. Na prova de Kafka que fiz semana passada, o tradutor mais foda de Kafka pro português conceitua a “alienação” em Kafka como planetária e vou tomar a palavra emprestada, porque é assim, sou não-mono planetárie. Tipo, falo muito sobre religião, né? Minha religião? Não-monogamia, amo todas, respeito todas que não queiram acabar com alguma outra e acredito praticar todas, frequento alguma? Definitivamente não. Igual o romance, mesma pegada. E acho que é essa a vibe, quero atingir a não-monogamia planetária, um bagulho bem do universal, amorfo, meio tudo e nada.

5) despersonalização
Um bagulho bem do universal, amorfo, meio tudo e nada. Semana passada fiz um desenho pra ajudar um amigo que faz T.O. num trabalho dele e em uma das minhas respostas, ele me perguntou se eu me via meio como tudo e nada ao mesmo tempo, repliquei que era meio complexo de deus concordar com aquilo, mas meio que sim. Nas minhas fabulações e sonhos acordado já imaginei como responderia se alguém perguntasse se eu gostaria de ser chamade com algum pronome específico, se me sentia mal pelo masculino e minha resposta tem sido quase sempre “pff, vivencio suficiente despersonalização pra não me sentir ofendide com nenhum pronome” e, apesar de estar aqui usando neutro nesse texto, também não sinto o abraço de qualquer um. Séculos atrás, você me perguntou sobre as minhas questões de gênero e eu disse que eram coisas importantes, mas definitivamente não prioritárias, porque meio que já estaria tarde demais pra mudar qualquer coisa em mim de maneira satisfatória. Na época talvez eu não entendesse isso, mas é uma baboseira, mentira pura, pois conheço algumas minas trans que começaram seus processos mais tarde do que estou e estão tendo resultados maravilhosos. Hoje acredito que entendo melhor pra dizer que o resultado que eu gostaria seria inalcançável independente da idade, porque interiormente, sou uma massa amorfa de cores, explosões e com um incessante barulho mudo. Isso é inalcançável. Óbvio que existem coisas alcançáveis que talvez eu almeje e quero pensar melhor sobre isso, quero dar mais importância para essas questões e parar de falar que uma prioridade é não-prioritária.

6) umas sugestões aí
Tava pensando hoje como em um possível fim do mundo, diferentes vertentes teriam diferentes soluções. Um hedonista diria “o mundo vai acabar mesmo, bora fuder”; um pessimista, “se já vai acabar, porque continuar”; um otimista, “a gente ainda pode adiar o fim do mundo, vamos família, bora mudar isso aí”. E teriam centenas de ações e pensamentos diferentes, inclusive os que diriam que na verdade o mundo já acabou e dariam suas próprias versões sobre isso e os que diriam que o mundo acabar era só invenção da mídia e não ia acabar nada. Acredito que minha vertente mais pessoal e profunda sobre o caso seria “o mundo não vai acabar e nem já acabou, porque ele nem começou”, acho que estou muito influenciade pela flecha de zenão em todo conto do Kafka, mas gostaria de saber se você me sugere umas leituras aí, pra eu compreender melhor se tem alguém que fala com alguma clareza sobre essa distorção espaço-temporal que ando entendendo o mundo atualmente.

7) o mais bonito dos primos de um algarismo só, é isso duxjekxkdkdk

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