small things

Não são fascinantes as teias de aranha? E como se assemelham às constelações? Que, por sua vez, lembram nossos tecidos — sejam os biológicos, sejam os de vestimenta. O tecer dimensional em sua grandiosidade, sem distanciar-se da pequenez microscópica, que de pequena nada tem além da métrica. Acho tudo isso fascinante, porque a beleza desses sistemas complexos está justamente na união de outros sistemas tão complexos quanto, apesar de menores. E de sistema em sistema, alcançamos o infinito, independente da direção escolhida. O infinito imensurável dos universos e o infinito indivisível dos átomos (de sua definição original, não os atuais).

Pequenas coisas são indivisíveis e imensuráveis, isso que as torna gigantes. Cinco minutos de uma atividade diária que começa hoje pode virar dias de maestria daqui um tempo, cinco minutos que nada têm de pequenos, afinal nem mesmo milissegundos podem ser mensurados, tempo não se mede e não se divide. Metade de cinco é dois e meio, metade de cinco segundos é impossível calcular, porque os cinco segundos só existem amanhã ou ontem e, por assim existirem, nem existem de verdade.

Outra coisa fascinante, o tempo. Sempre utilizado para contas sobre o movimento, apesar de negar a existência deste e sua própria. Podemos calcular o tempo, podemos calcular o movimento, contas e mais contas para provarmos que existe algo que sentimos em nosso íntimo ser inexistente e, em sua própria inexistência, ser tudo que existe. Sem tempo e movimento, nada somos. Sem sermos, tempo e movimento nada significam. E se significam algo é porque nós os significamos, mas no final do dia somos simples significados insignificantes da imensurável — e indivisível — significância do tempo. E do movimento.

Não é fascinante o quão pequenos somos e a grandiosidade que isso representa? Átomos gigantes, indivisíveis e imensuráveis; universos minúsculos, indivisíveis e imensuráveis. Vivendo segundo a segundo, numa infinidade destes que formam uma vida que se expande até o nada e se reduz até o tudo e termina sempre onde começou, na posição do disparo que pra alcançar sua meta precisaria chegar à metade do percurso; para chegar à metade do percurso precisaria chegar à metade da metade do percurso e assim infinitamente até que seu movimento fosse impossível. Até que sua meta seja o ponto de partida. Até que o pó seja pó.

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