very loud

Não existe nada mais barulhento que o silêncio e minha vontade inicial era de fazer o post de hoje em branco pra ilustrar isso. Desisti, porque preciso cumprir meu desafio de escrever diariamente. Desisti de desistir porque me senti meio merda vindo aqui escrever qualquer coisa só pra cumprir o desafio e não estar escrevendo nada que eu sinta ser construtivo. Desisti de desistir de desistir, porque esse pensamento anterior me colocou em um período muito longo de nunca escrever nada e na terapia fui confrontado com a ideia que mesmo escrever sobre não escrever me é mais valioso que voltar pro limbo sem nada escrito. E todas essas desistências e pensamentos são muito barulhentos.

Pensar nisso tudo me faz refletir que por mais que eu termine meus dias de escrita tristes por estar apenas escrevendo coisas vazias e, na maioria das vezes, muito pouco literárias, acaba por ser um movimento interessante, porque tudo isso me ajuda a pensar mais, organizar melhor os pensamentos e, acima de tudo, registrar, deixar escrito todo esse monte de nada que em algum momento posso apenas revisitar e talvez até encontrar algo interessante, ou não, mas pelo menos os registros estarão ali e me sentirei melhor só por estar escrevendo.

Ontem escrevi um fragmento de um livro que quero muito escrever e anteontem escrevi minha nota de repúdio a Descartes. Duas coisas que com certeza posso rebuscar e lapidar no futuro e talvez esse seja o principal motivo de hoje eu estar um pouco triste por não manter a sequência de escrever coisas produtivas, só que, tudo bem. Nem tudo precisa ser tão útil assim e essa barulheira infernal de obrigar que tudo seja útil é o mais terrível que existe, talvez mais barulhento que o silêncio. Talvez o próprio barulho da obrigação da utilidade seja culpa do silêncio, no meu caso, pelo menos, meu longo tempo em silêncio é o que barulha minha cabeça pra que eu faça daqui pra frente valer a pena o mais rápido possível. Lido bem com isso ultimamente, tenho aprendido aos poucos a fazer as coisas uma por vez e conversar com todas as vozes querendo ser produtivas pra ontem e explicar pra elas que cada uma tem uma hora de acontecer. E hoje é a vez das 11 vozes do 67 punk se estabelerecem, e a mais importante delas é sem dúvidas a escrita, por isso, sim, vou vir aqui escrever qualquer coisa pra me ajudar nessa conversa e deixar que as vozes e o silêncio continuem barulhentos, nunca barulhentos demais pra me impedir qualquer ação e nunca barulhentos de menos pra me arremessarem no eterno estacionamento.

Ontem consegui meu primeiro 11 dessa segunda fase do 67 soft punk e amanhã trago as atualizações aqui no blog e hoje estou lutando contra o tempo e o sono pra conseguir 7. Apesar de uma primeira semana bem cumprida, não estou satisfeito, porque alguns pontos foram cumpridos “nas coxas”, a escrita inclusa, mas ao mesmo tempo, como na escrita, cumprir as coisas ”nas coxas” é melhor que não fazer nada, né? Não sei quem disse isso, mas essa semana vi alguém dizendo que qualquer tarefa malfeita é melhor que uma tarefa não feita ou algo assim e vou me apegar a isso pra aliviar o barulho da insuficiência martelando minha cabeça. Semana que vem espero fazer um malfeito melhor feito, focar melhor nos exercícios e na dieta, mas hoje é domingo e domingos são paia por natureza, não tem como exigir demais de um domingo, exceto que eles não sejam excessivamente barulhentos, mas que haja barulho, porque o silêncio sempre será excessivamente barulhento.

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