walk away

Tá aí um bagulho que preciso aprender a fazer voluntariamente, muito se fala da respiração involuntária, mas o afastamento involuntário segue intocável no parlamento do dia-a-dia. Sempre acontece comigo, do nada, percebo estar sem ninguém, sem gente pra chamar pra um rolê, sem gente pra convidar pra comer um dogão ou ver um filme, etc. Afastar as pessoas e me afastar delas é um bagulho tão natural que me pergunto sempre se existe algo de muito errado comigo e talvez haja, porque sou especialista em “walk away” de qualquer situação. Um especialista todo torto, que faz isso sem saber que está fazendo e vê as pessoas indo e vindo eternamente e, por mais que algumas mantenham-se, sempre fica a sensação que o esforço para que elas se mantenham seja todo delas.
E meio que acaba sendo, porque eu tenho bastantes dificuldades de sentir o que chamamos saudades antes que ela se torne insuportável e dolorida (mesmo que por minutos ou, no máximo, um ou dois dias, porque logo a própria saudade walk away e só aparece de novo eras depois).


E o oposto acho que acaba se aplicando também, de haver situação que eu precise dar o fora e eu postergue minha saída ou nunca a cogite de fato, porque nada parece ruim demais pra ter que botar um ponto final. Apesar de eu conseguir manejar melhor esse walk away que o involuntário, ainda há muito nele que preciso aprender. Mas o maior problema mesmo é o inicial.


Gosto da ideia da solidão voluntária e por isso não sofro tanto com as idas e vindas, porém a solidão voluntária deixa de ser voluntária muitas vezes e, acredito que o principal problema seja o fato de eu ser o que hoje os jovens chamam de “amizade de baixa manutenção”. Uma ova. Ou não, não sei. Porque tipo, sim, ser meu amigo é muito fácil, eu gosto fácil demais, sorrio fácil, dou uma divertida risadinha aguda, se a gente der 1 rolê a cada 5 ou 7 anos vamos continuar parça, etc etc. É bem fácil conquistar meu coração e se manter ali mais fácil ainda. Porém, não acho que seja tão fácil assim saber dessa facilidade, saca? Porque minha paixão perdidamente avassaladora nos meus chegado e o quanto ela é renovada sempre é tão boa em ser “de baixa manutenção” que sei lá, as vezes pode parecer que os alvos de todo meu amor imensurável, são “tanto faz”. E não, sabe? Eu não gosto de ninguém mais ou menos, eu gosto de algumas pessoas absurdamentemente, estou em período de auto-conhecimento em relação a outras, sou indiferente a algumas e desgosto de outras. Gostar um pouquinho? Jamais. O que é o completo oposto do que imagino demonstrar com minhas ações, gestos e tudo mais. E não sei se consigo mudar isso, porque me sentiria forçando a barra se eu, por um acaso, declarasse todos os meus muitos sentimentos por todas as pessoas que tenho apreço, seria até assustador, pra falar a verdade.


Isso me faz questionar se a baixa manutenção que demando é mesmo tão baixa assim, porque pra me manter e me fisgar é muito fácil mesmo, juro. Só que só pelo fato de eu ter que jurar isso e escrever um texto pra falar sobre isso, já demonstra que a baixa manutenção que eu demando, talvez não seja recebida como baixa manutenção para a maioria das pessoas, mas muito pelo contrário, talvez elas me vejam como difícil de se afeiçoar e mais difícil ainda de manter (já que estou sempre sumindo), só que eu juro que tudo isso é involuntário, ou pelo menos creio ser. Conclusão: quero aprender a walk away voluntariamente, porque quem sabe assim, eu aprenderei a parar de walk away sem querer.

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